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sexta-feira, 30 de março de 2012

Sonho e Linguagem - Parte I

pintura de Jim Warren


"...“um sonho não compreendido é como uma carta não aberta”..."


 
"...Quando sonhamos, despertamos para outra existência..."

"...Sonhando não somos restringidos aos limites da realidade, do espaço, do tempo, do corpo... nada mais nos é restrito, temos o “poder”..."



* Saviitri Ananda *

Os sonhos são uma linguagem simbólica que contribuem para nosso autoconhecimento e nos permitem adquirir uma maior consciência da nossa personalidade. Nosso entendimento dessa linguagem pode nos fornecer condições de compreender conflitos e questões fundamentais da nossa existência. No Talmude existe uma citação que diz: “um sonho não compreendido é como uma carta não aberta”. Desvendar a linguagem de nossos sonhos é decodificar nossos caminhos.

A compreensão dos sonhos faz com que a pessoa entre em contato consigo mesma. Todos nós sonhamos e poucos entendem seus sonhos. Na verdade agimos como se eles nada significassem e acreditamos que nossa mente adormecida apenas esteja descansando das atividades do dia-a-dia. Orgulhamos-nos de ser realistas, racionais, ativos; agimos e observamos dentro do mundo exterior com controle de uso e manuseio, mas não concebemos mais do que duplicações de acontecimentos e experiências concretas.

Quando sonhamos, despertamos para outra existência. No sonho nós somos os autores, criamos um enredo, encarnamos como protagonistas; ao sonharmos, nossa lógica cartesiana é desprezada, as categorias de tempo e espaço que conhecemos são anuladas. Sonhando não somos restringidos aos limites da realidade, do espaço, do tempo, do corpo... nada mais nos é restrito, temos o “poder”.

Os sonhos nos dão vazão a um grande número de experiências e acesso a muitas memórias e é uma experiência presente e real. Todas as experiências pelas quais passamos em um sonho desaparecem quando acordamos e via de regra, são muito difíceis de ser recordadas; isso porque é escrito numa linguagem simbólica que não traduzimos.

Jung em seus estudos nos traz o conceito dos “arquétipos” que por sua vez nos leva a um fator desconcertante que é a semelhança dos produtos da nossa capacidade de criação durante o sono, com os mitos, as mais antigas criações do homem. Os mitos formam de acordo com a nossa ótica racional, um mundo inteiramente alheio a nossa lógica e os sonhos são muito parecidos com os mitos. Tanto na forma, como no conteúdo sonhos e mitos nos parecem estranhos e impossíveis pelas leis que governam nosso tempo.

A linguagem em que os sonhos se expressam é atemporal. Os sonhos que temos hoje em dia são os mesmos daqueles que viveram na Antiguidade porque se expressão por simbologia. Nessa linguagem simbólica, pensamentos, sentimentos e experiências íntimas são expressas como se fossem experiências sensoriais. Os fatos do mundo exterior se expressam numa lógica que difere da linguagem convencional. Na linguagem convencional, nossa lógica é ditada por categorias dominantes como tempo e espaço; na linguagem do sonhos as categorias que valem é a associação e a intensidade.

Os sonhos são uma linguagem atemporal e universal, um idioma único jamais criado pela raça humana; no entanto, nos condicionamos a não dar importância aos mesmos. Nosso racionalismo nos fez abdicar do seu entendimento. Freud nos deu uma valiosa contribuição para que despertássemos para a importância de nossos sonhos; colocou o estudo do sonho como um fenômeno universal, seja para um ser humano doente ou sadio. Ele percebeu também que os sonhos não se diferenciam dos mitos e que compreender essa linguagem era nos autoconhecermos.

Toda a imagem que vemos num sonho constitui um símbolo de algo que sentimos. Ma afinal, o que é um símbolo? Símbolo é uma expressão sensorial que representa um pensamento, um sentimento, uma experiência interior, algo de dentro de nós. A linguagem simbólica é um idioma onde o mundo exterior é um símbolo de nossas almas e mentes. Sonhamos que somos ambiciosos quando nos achamos desprendidos, sonhamos com a realização dos desejos, sonhamos ter raiva de pessoas que amamos, sonhamos com lugares que nunca conhecemos... e não entendemos os nossos sonhos.

Deveríamos nos dedicar ao estudo dessa linguagem como nos dedicamos ao estudo de outro idioma. Se entendermos a linguagem em que os sonhos são escritos, poderemos nos utilizar dessas horas em que não estamos conectados ao mundo exterior e decifrar a nós mesmos.

 Saviitri Ananda é terapeuta holística (Ayurveda, Reiki, Aromoterapia) e consultora em Tarô, Mapa Astral; formada em Psicologia, Jornalismo e Ed. Física (UFPr); pós graduada em Artes, Psicologia Comportamental e Naturoterapia. Desenvolve estudos sobre tantra, multidimensionalidade, eubiose e cura quântica – Curitiba/PR.
E-mail:
saviitri@gmail.com

Permitida a reprodução em qualquer meio, desde que citada a fonte e mantidos integralmente todos os créditos.
Honre o Divino em você, honrando o Divino nos outros.

Fonte AQUI

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